Falo de Medos e não sustos. Daqueles medos capazes de nos congelar a língua, a cabeça, os membros, o corpo por inteiro e medos que, de serem tão graves nos põem a fugir a sete pés daquilo que no-lo provoca. Falo de medos, de terrores e horrores com os quais convivemos em pânico por uma temporada ou até pela vida toda. Medos que se revelam fisicamente através de reacções fisiológicas, por meio de atitudes ou falta delas, por meio de acções ou falta delas, por meio de palavras ou falta delas.
Medos há muitos. Digo medos e não medo, porque não há um só, há pessoas que têm medo de uma coisa que outras não têm e todos nós temos medo de algo diferente. Falo de medos que para uns são irracionais mas que para outros fazem perfeito sentido. E muitas vezes temos medo de algo que não sabemos bem o que é.
Há aqueles que têm medo de sangue, de ouvir falar em cortes ou acidentes de trânsito ou feridas. Há aqueles que entram em pânico ao ver aranhas, insectos. Outros ainda cujas vidas são condicionadas pelo medo de multidões. Há quem agonize com terror das alturas, de aviões. Existem pessoas que temem a morte dos seus entes queridos. Há ainda quem tenha pânico do escuro ou de perder a mobilidade, sentir-se preso já seja por acção de terceiros ou consequências da vida. Há aqueles que têm medo da morte e aqueles que têm medo da vida. Existem infinitos medos. E há ainda quem nutra vários medos paralisantes ou, no mínimo, inquietantes.
Eu sou uma dessas pessoas que têm medos múltiplos.
Eu não tenho medo de sangue ou de feridas, nem de alturas, nem de perder o contacto com terra firme ou de estar confinada à minha solidão ou de aranhas ou répteis, nem tenho medo de não arranjar um bom marido que me dê sete filhos de duas embrulhadas só. Não. Os meus medos não são esses. Não quer dizer que os medos que tenho façam ou não façam mais sentido que os medos alheios, mas estes são os meus. São os que me tiram o sono e me provocam olheiras, são os que me fazem refugiar num prato de lasanha ou num maço de cigarros, são os que me fazem fugir para longe das pessoas que muito quero por perto, são os que me provocam suores frios e arrepios na mente e na espinha só de os pensar. São os meus medos. E não os sei enfrentar.
Tenho medos de estimação que se arrastam junto a mim desde a infância, como o medo do escuro ou o medo de estar fechada ou ainda o medo da velhice; medos causa do trabalho, como o medo de nunca estar na última tendência e me tornar obsoleta ou o medo de não conseguir fazer mais perfeito e melhor perfeito; tenho medos novas-aquisições tais como medo de perder os meus entes queridos e tenho um medo, que talvez seja o maior deles todos, do qual nunca fui sequer capaz de falar, nem para mim própria, que é o medo da loucura, da perda da coerência entre os meus actos e o mundo lá fora (de mim).
Sou capaz de dormir de luz apagada, nem sequer ligo, mas sou totalmente incapaz de andar pela casa sem que todas as luzes estejam ligadas, mesmo que não as esteja a precisar. Sou demasiado preguiçosa para subir até ao primeiro andar pelas escadas, mas começo a rezar no instante que entro no elevador e me vejo sozinha. Fico felicíssima de programar a minha próxima festa de aniversário, mas estremeço só de pensar que "já lá vão x anos desde que..." e entro em pânico quando vejo as minhas "ridículas" rugas ao espelho. Adoro ir de férias, mas congelo quando penso que os meus competentes podem estar a trabalhar e a progredir e eu não. Viajo o tempo todo e opto diariamente por estar/viver em sítios onde não esteja a minha família, mas aterroriza-me a ideia de os perder. Vivo a vida à minha maneira e no meu dia-a-dia rejo-me pelos meus instintos, crenças e ideais sem ligar muitos as da sociedade em geral, mas muitas vezes paro para pensar se não estarei a ponto de atingir aquele grau de loucura considerada irreversível que me possa vir a afastar da sociedade.
*E agora, mesmo neste momento, tenho medo de ficar sem bateria no PC e perder este texto e não o posso publicar. ^.^
3 comentários:
Quanto ficares irreversivelmente louca, eu como tua fiel amiga encarrego-me piamente em cuidar de ti pequeninas *.* (juro que não te ponho numa camisa de forças a dormir num quarto com pardes almofadas lalala)
Vais lá ficar assim mulher... Existem muitas outras almas que partilham dos mesmo medos que os teus. Quem serão os loucos? Essas pessoas ou a sociedade monotirazada e ritmada? Heis a questão!
Tenho um medo a acrescentar *.*
- Ficar agarrada ao fio estragado da net(para que esta não se desligue), enquanto faço xixi nas cuequinhas .:vergonha:. (não é aterrorizador!?)
Hey e aquele medo dos cortes era pra mim!? -.-
Balanço final: Gostei imenso! ^^
<3u
"Some days I wanna, and some days I don't
Sometimes I can feel it and suddenly it's gone...
Some days I can tell you the truth and some days I just don't
Only a change of mood sun goes down some one says something to quick or to soon
A touch not made one made to late army's of words can not hope to contain...
Then It Comes And It Goes.
And I have no control.
Some days I can think clear and some days I won't
Sometimes I can feel it and suddenly it's gone...
Some days I am strong and some days my skins broken and thin
That's when it feels and it takes what it needs and it leaves before I get to know
Its only a step away moments that army's of words can not hope to contain...
Then it comes and it goes.
And I can't make it home.
And theres nothing at home.
And it breaks me when it goes.
Some days I wanna, and some days I don't
Sometimes I can feel it and suddenly its gone...
Some days I can tell you the truth and some days I just don't
Only a change of mood dream comes out some one tells something to quick or to soon
A move not made one made to late army's of words can not hope to contain...
Then it comes and it goes.
And I seem to hope
And theres nothing at home.
And it breaks me when it goes"
haviamos de ter sido mais sinceros. haviamos de ter aproveitado a desvalorizada sorte que tínhamos um com o outro. Porque pelo menos eu considero que juntos tinhamos muita sorte só que lhe demos importancia... achámos que seríamos jovens para sempre.
Continuo a ter vontade de te ver, tenho vontade de te ver como o espía que olha na fechadura, só para constatar que estás bem, mas acho que ainda nao te quero ver frente a frente porque acho que isso faria muito dano aos dois.
Se tu nao foste para mim a melhor pessoa do mundo, eu pela minha parte posso dizer que tambem nao fui para ti um exemplo daquilo que se deve ou nao fazer. Tambén sou filho da puta, também fui cabrao, Também te deixei só quando precisaste de mim, também quis que fosses só minha e para mim... tambem fui como tu...
Agora estou a viver a serio. Invisto no futuro, naquele que deveria ser nosso; tomo, a pesar do muito medo que posso ter, grandes riscos, grandes responsabilidades. Inclusive já estou a vender a minha liberdade em troca de alguma coisa que fique de mim, de alguma base que nao me faça cair na mesma historia que tu e eu ja conhecemos...
Mas uma coisa também é verdade: Tenho saudades tuas, e ainda temos tempo de envelhecer juntos como haviamos pensado...un beijo grande
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