Com uma gargalhada bem sonora e atitude semipositiva e que se dane quem pense mal... Como eu costumo dizer: Eu sou mais eu sem ninguém!! Hei-de ser sempre esta, a mesma de sempre e pendurada na corda bamba da vida sempre fazendo macacadas e figuras tristes.... hahahah

terça-feira, junho 28, 2005

Femme fatale

Hoje saí à rua e atrevi-me a fazer o que já não fazia a algum tempo: Vesti a saia negra e o top vermelho, fui procurar o que o corpo pedia. Bem sei que não devo cair nas ruas de novo, mas a tentação é bem mais forte que a necessidade de me manter clean.
Eu sou assim, esta é a minha natureza e, simplesmente, não sei nem quero negar os pedidos que o meu corpinho me faz.
Sinto-me bem em seguir as pegadas da sombra, aninhada nos braços desta noite escura como a morte que me rodeia. Sinto o seu cheiro, sei que está cada vez mais próxima, mas não consigo parar de me entregar. Acho que deixei de lhe ter medo no exacto dia em que a vida me abandonou, só que nunca o tinha sentido até mo dizerem.
Sabes, às vezes faço o esforço de me manter afastada, mas a minha vida é nas ruas, só assim eu sei viver com o naco de vida que me resta. Com o resto de putrefacção que a rua me trouxe.
Às vezes há clientes que perguntam porque o faço. E eu respondo: "Porque gosto de dar e receber amor sem o peso da responsabilidade, é o que melhor sei fazer". E a verdade é que, até hoje ninguém me disse para mudar de profissão. Sim, eu sou uma femme fatale.

sexta-feira, junho 24, 2005

Viagem de auto-reconhecimento

Pegar numa mochila e na câmara e sair de casa por tempo indefinido à procura de aventura e de nós mesmos. Era isso que deveríamos fazer. No entretanto o mundo continuaria a girar e as gentes a viver, as coisas não vão mudar apenas pela nossa ausência.
Sei que tens medo de partir rumo ao desconhecido, com vontade de te encontrar e acabar por encontrar outro que não julgas ser o teu eu, mas todas as estradas implicam um risco. "Faz o que mais temes, deixarás de ter medo."
Aprendi muito com as minhas deambulações, e é por isso que to aconselho, a ti, que estás tão perdido.
Disseste que querias aventura e viajar para estar em harmonia comigo, eu também quero que isso aconteça, mas tu ainda não está preparado; tens que deixar de ter medo, meu querido.
Lutar pelo que se quer, acho que não estou assim tão errada..

quinta-feira, junho 23, 2005

Telemarketing

Todos os dias há pessoas que se levantam de suas camas para fazer o que não queriam que lhes fizessem a si. Neste caso estou a falar dos operadores de telemarketing.
Esta gente, com a doçura na voz e abundância de simpatia ao telefone arrasta diariamente dezenas de pessoas do sossego dos seus lares para locais onde, logo à chegada, são atacados com perguntas que violam todas as promessas feitas via telefone.
Esta violação ocorre logo que o inocente premiado atende o dito cujo. Logo aí a informação é basicamente atirada de um script com o intuito de entorpecer a agilidade mental daquele que está do outro lado da linha, seguidamente, e por via das dúvidas, não vá o diabo tecê-las, é bombardeada uma série de perguntas com o objectivo único de adquirir a maior parte dos dados no menor tempo possível, para que o "premiado" efectue a compra, perdão, o "levantamento do seu prémio" no lugar indicado.
Uma vez que se tem a sorte, ou azar (como preferirem) de ser sorteado para receber o tal prémio, que , normalmente é relativo ao bem-estar pessoal, só restam duas opções: 1- Ou não vamos recebê-lo, mesmo que se tenha dado informação importante e confidencial (ou mesmo que não se tenha dado, tanto faz). 2- Ou vamos lá então receber o prémiozinho, porque ainda se acredita no Pai Natal. A partir daí, uma vez chegados ao local combinado, o que acontece é que nós não vamos receber porra de prémio nenhum (Que chatice! Fomos burlados!), mas vamos sim efectuar uma compra (Mas então porque nos garantiram que não era necessário trazer documentos, nem dinheiro? E afinal aquela treta do "não o queremos enganar", onde é que fica?).
Pois, é assim que muita gente ganha a vida: a enganar pessoas via telefone. O que eu ainda não entendi é que, havendo tantos casos de burla divulgados, COMO É POSSÍVEL QUE OS CONTINUEM A HAVER?
Tenho dito.
A propósito, eu já fui operdora de telemarketing.

quarta-feira, junho 22, 2005

Anjo

Sinto-me preso, agredido, violado e violentado. Não sinto as asas, acho que as perdi na queda. Enquanto caía a terra tremeu e o chão abriu-se diante dos meus olhos, parecia que estava a morrer de novo. A queda ficou ainda mais funda, não me lembro de ter visto o filme da minha vida, nem tão pouco luzes brancas... Não senti a mesma dor nem o mesmo vazio no estômago, mas tudo o resto se repetia em dejà vu. Quando atingi o chão senti milhões de balas a furar-me por todos os recantos do meu corpo e a minha roupa foi ficando manchada gradualmente e, muito longe daqui, conseguia ouvir sinos e vozes como num coro. Foi assim que eu vim cá parar...

domingo, junho 19, 2005

Bloqueios mentais

Ouço a tua voz ingrata dizendo-me o que ainda não me apetece ouvir....
Sei que dentro de pouco tempo vais-me voltar a trocar e também sei que não estarei nessa tua caminhada, tal como das outras vezes em que nos abandonamos...
Vais-te embora de malas nas mãos e atrás de ti ficará, de novo, o mesmo cheiro na almofada, o mesmo vazio, o mesmo silêncio, os mesmos medos que me sussurram de noite e de dia, em qualquer lugar, a toda a hora, e eu sei. Eu sei que por muito acompanhada que esteja, eu sei que vou ficar de novo, infinitamente só... Apenas os teus sorrisos pendurados nas paredes, apenas o cheiro do teu perfume, apenas os ecos da tua voz doce, apenas as lembranças.... As lembranças e eu, perdidos nas sombras desta casa onde agora te ouço negar o amor que te tenho, onde me acusas de não te querer, onde te quero revelar que sinto o que ainda não sei expressar.
E tu afirmas que não te amo?! Como queria poder-to gritar aos ouvidos, no corpo e na mente, para que o ouvisses e sentisses como sinto! Mas não sou capaz, contigo não!... Contigo não sei dizer palavras doces e meigas, apenas as zangadas me saem da boca, dos gestos... Não sei ser quem queria ser contigo, quem sei que mereces que seja, porque o mereces como mais ninguém, e é por isso que me sinto assim: CULPADA do que, injustamente, me culpas...

sexta-feira, junho 17, 2005

Casa

"Aqui estoy, como me ves, desnuda de todos los principios que nutria. Aqui me ves, por ahora, más tarde seran otros los ojos que me mirarán. Como me puedes ver estoy en casa, planeta Tierra. Porque mi casa es ninguna, ninguna casa es la mía.
Aqui estoy de nuevo sola. Apenas yo y el silencio que se pega en las paredes de mis oídos para que no pueda escuchar la razón de las cosas. Aqui me has visto muchas otras veces así como otras muchas me verás. Estoy aquí, en tu piel metida, tapandote la respiración como un parasita que no te quiere dejar vivir.
Me hace falta mi vida... Quién me la robó? Porqué me la quitaron si era solo eso lo que queria en este momento de locura..."

Tenho paranóias a roer-me o cérebro... Estou a enlouquecer...
Por vezes quero e logo a seguir deixo de querer, deixo de querer.... Nunca sei o que quero...
Deixo-me ser roubada pela minha mente traiçoeira para evitar danos maiores, mas será que é mesmo assim? Se estou aqui e aqui me vês, meio despida da identidade que tenho, então quem sou eu?
Sei que sou, mas o quê, não sei... Não sei... Acho que estou a enlouquecer....
Estou em casa, já estou em casa, em casa, casa, casa....

Tal como disseste, já estou em merda, vim sozinha e cheguei... Estou em merda, tal como me pediste, tal como me mandaste, estou em merda...

Depois de ter estacionado o carro e ter ficado a olhar o vazio por tanto tempo que não sei quanto foi, depois de ter entrado e me ter despido, depois de me ter deitado e ter aceso a luz... "Estou em casa.(...)" escrevi. E depois disso , só então, pensei "Estou em casa... ou em merda, como preferires..." Apetece-me apunhalar-te com a frase que me disseste, porque, finalmente me apercebi que estou em merda...

quarta-feira, junho 01, 2005

Com pequenas palavras

São curtas e pequenas as palavras que, das tuas, também pequenas, mãos, nascem para se encontrarem na harmonia que tu lhes sabes dar nessas longas e pouco pausadas frases cuja flor que é o teu nome perfuma em cada nova manhã dominical.
Abres as mãos e delas saem as palavras que te quero elogiar aqui, hoje.
Desprendem-se dos fios dourados que te saem dos dedos, como se eles se prolongassem até ao infinito num sonho de nébulas e medusas dançantes num mar de saudades, amores e rendição total. São assim as tuas palavras; medusas que dançam nos sonhos que das mãos te leio. Permanecem no ar como névoa enquanto as leio e lhes desenho significados; são palavras-nuvens que pairam no ar enquanto a tua caneta lhes molda a forma.
E é assim que me sinto de cada vez que tas leio na ânsia de lhes devorar o sentido; como se, também eu, pertencesse aos sonhos que me vais contando.
É assim que quero continuar; Sem palavras, a ouvir essa tuas mãos falantes.