Insensatidades

Dou por mim a achar tudo isto muito surreal, sem sentido, insensato, incensório.

Dou por mim a pensar se de facto isto tudo vale mesmo a pena.

Dou por mim a pensar que nada disto vale mesmo a pena e que no final da história vou realizar que afinal nunca houve historia alguma e nunca haverá.

Dou por mim num estado tal de lucidez que me impede de racionalizar emotivamente como tem vindo a ser o caso ultimamente quando a ti diz respeito.

Dou por mim a invalidar todos os motivos pelos quais eu queira estar presente no mesmo sitio que tu estas.

Dou por mim a rir-me de mim sem ter vontade real de ir.

Dou por mim a assustar-me com esta realidade que realmente é a minha, mas que eu simplesmente dou por mim a achar que não é.

Dou por mim a refutar os meus gostos, a minha forma de encarar a vida, o meu ser.

Dou por mim dando conta que não sou eu, que estou a pensar errado.

Dou por mim a desejar-te, a desejar estar nas tuas mãos, a desejar as tuas mãos.

Dou por mim a enlouquecer.

Dou por mim a achar-me vulnerável nas tuas mãos sem ter ponto de partida, sem querer encontrar motivo pelo qual sair da situação onde eu me coloquei.

Dou por mim aqui sentada na pedra filosofal que eu plantei nas traseiras desta casa de mas fundações imaginada a pensar demasiado sobre um assunto que não tem ponta por onde se lhe pegue e que eu insisto em perscrutar.

Dou por mim em instantes meus dados a ti e que não são nada mais meus. Dou por mim a pensar que os meus momentos deixaram de ser meus no dia em que te conheci.

Dou por mim a pensar que eu não sou, mas também não tua.

Dou por mim a nao querer pensar mais nisto, mas a cada novo instante dou por mim a pensa-lo.

Dou por mim a realizar que me encontrei quando te encontrei e que no mesmo dia em que te encontrei em mim me perdi e de minha pessoa deixei de ser.

Dou contigo nos pensamentos e sonhos de mim.

Dou não por mim mas também não contigo.

Dou por mim e não comigo.