Com uma gargalhada bem sonora e atitude semipositiva e que se dane quem pense mal... Como eu costumo dizer: Eu sou mais eu sem ninguém!! Hei-de ser sempre esta, a mesma de sempre e pendurada na corda bamba da vida sempre fazendo macacadas e figuras tristes.... hahahah

sábado, dezembro 26, 2009

Véspera de natal


Talvez tenha sido cobarde ao fazer de tudo para poder evitar encontros. E a minha cobardia não tem sequer uma explicação lógica. Poderia divagar sobre os milhentos motivos pelos quais não estive presente, mas a verdade é que pura e simplesmente não estive porque não o desejei realmente, porque só a ideia de me encontrar convosco me apavorou e eu odeio estar e agir sob o efeito do pânico.
Sei o quanto quiseste partilhar este dia comigo, sei que te fazia ilusão ter-me por perto e o quanto te desagradava a ideia de eu poder vir a passá-lo sozinha. Sei que receaste que não fosse e o teu medo se concretizou. Eu estava convencida a ir. Mas depois, tal como as nuvens inesperadas que cobrem o sol quente que brilha no imenso céu azul numa qualquer tarde de Verão, a minha vontade mudou. Comecei a questionar-me e a imaginar o constrangimento que iria sentir. Interroguei-me sobre o assunto e, depois, muito devagar, comecei a fazer a mala. Eu sabia que àquela hora já não iria adiantar, aliás, na realidade eu não sabia, mas eu rezava. Assim, pensei eu, não teria de te mentir quando me perguntasses, assim, julgava eu, ficaria de consciência tranquila por saber que, pelo menos e apesar das hipóteses, eu tinha tentado ir.
Dias, semanas antes eu tinha-me convencido a ir. Prometi-me fazer o esforço de passar por cima daquilo tudo que senti e ir. Mas não sei ser uma pessoa melhor do que tenho sido até hoje, ainda não me sinto preparada para certas coisas e não me quis meter numa situação que eu já sabia que seria desconfortável. Por isso não fui. É certo que dormi até mais tarde do que é habitual, é certo que já não haviam comboios que me levassem, mas acima de tudo eu não quis ir, ou melhor, eu não tive a coragem de ir.

2 comentários:

Aura disse...

Eu sabia. Eu no fundo sabia. Por momentos acreditava que sim, que virias mas preparei-me desde do momento em que me confessas-te que não te irias sentir confortável aqui, que o mais provavel era não vires e foi para isso que me preparei... É certo que fiquei triste, mas não fiquei de todo chateada, porque compreendo.

Sim gostava que tivesses passado por cima disso e que estivesses aqui aconchegadinha a mim a ver os milhentos filmes de natsl e a ajudares-me com os bolos enquanto te besuntava a cara cheia de natas xD... mas quem sou para te cobrar isso. Cobrar o passares por cima do teu bem estar para me proporcionares bem estar a mim...
E não, não considero falta de coragem.

E também queria dizer-te que és uma péssima mentirosa... estavas a dizer-me aquilo e eu a pensar "ela não veio simplesmente porque não quis..." mas eu não contestei deixei-me ficar com a tua "desculpa esfarrapada" fazendo muita força para acreditar nela.

Peço desculpa por "ter feito" com que não viesses...

Espero que apesar de tudo a tua noite de natal tenha sido de alguma forma boa.

Macaquinha disse...

A minha noite de natal foi só, sozinha, sem ninguém. Foi uma noite igual a outras tantas. Jantei só, como todos os dias, bebi café e acendi um cigarro, o último (raios, como eu detesto os últimos cigarros!...)Levantei-me da mesa, apaguei a luz e fui até à porta, abri-a e inalei profundamente um pouco daquele ar gélido, dei um bafo naquele último cigarro e pensei "O que estará ela agora a fazer? Ela vai-me matar da próxima vez que nos virmos." Depois disso, esmaguei o que restava do cigarro com a ponta do sapato, fechei a porta e, às escuras, dirigi-me para o quarto. Sentei-me na beira da cama e desejei chorar, desejei rir às gargalhadas, desejei fazer algo, qualquer coisa. Em vez disso estava vegetativamente parada a olhar para o nada.
Não estava triste, nem me sentia extraordinariamente mais só do que em outro dia qualquer. Tão pouco estava feliz; sabia que o que tinha feito não era motivo para me sentir feliz. Mas sentia-me incomodamente confortável com a minha decisão e tinha uma certeza na minha mente: foi melhor assim, evitaram-se complicações e discussões sem sentido. Continuo a ter a mesma certeza.
Passei o resto da noite a escrever e a ordenar alguns textos para o livro, já sabes.