Hoje dei-me conta que por muito que olhemos para atrás o passado não olha para nós. Nunca mais poderás voltar a segurar o teu filho nos braços, nunca mais poderás voltar a amar aquele primeiro amor, nunca mais voltarás a provar o doce sabor do primeiro beijo, dos primeiros lábios, nunca mais voltarás a ter a oportunidade de dizer a alguém uma coisa verdadeiramente importante.
Hoje dei-me conta que fizemos tudo de uma forma muito errada e destruímos em semanas aquilo que levou meses a erguer e a afirmar. Hoje dei-me conta que um não ama para sempre, nem sempre da mesma forma, nem com a mesma intensidade, mesmo que o objecto amado permaneça inalteravelmente igual desde o dia 0. Hoje dei-me conta que as coisas que planeamos nem sempre saem da maneira como as planeamos. Que as coisas que desejamos nem sempre as podemos ter ou são permitidas. Que as coisas amadas por vezes se devem largar da mão.
Suponho que "isto" seja o verdadeiro amor, aquela "coisa" em que toda a gente fala, com a qual toda a gente sonha se esbarrar um dia, ou uma noite, qualquer de preferência ainda jovem, enquanto pode aproveitar o tempo e, se for ainda a cheirar a leite, ainda melhor. A verdade, ou pelo menos a minha verdade, é que as pessoas não se apercebem que quando somos jovens tudo parece ser muito fácil de fazer, fácil de levar, de suportar, tudo é inexplicavelmente acessível e só com o passar dos anos é que nos damos conta que nada é como achamos que era e que tudo perde o seu brilho, eventualmente.
Hoje dei-me conta que fizemos um casal lindo, ou nas tuas palavras "Nos éramos lindos"... Tens razão, fomos lindos. Mas lembro-me de um dia que deixamos de ser Nós e passamos a ser Eu e Tu e hoje dei-me conta que tinha que deixar ir, let go, que se um dia te amei esse amor foi lindo e recíproco mas não posso continuar a viver de sonhos, nem de passado.
Acho que hoje se faz história. Hoje se escrevem apontamentos muito importantes nas linhas do livro da minha vida.
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