A Vida às vezes pode ser tramada.... Os pensamentos fogem do nosso controle e arrastam-nos para outras realidades, outras vidas perdidas no tempo. Depois disso, as coisas mudam, o mundo muda, tu mudas. Tu já não és, és a outra miúda. Aquela que se sentava no sofá preto a ouvir músicas e se deixava envolver por sensações grandes e maravilhosas.
Num piscar de olhos o mundo à minha volta mudou, o meu cabelo cresceu, a minha pele escureceu e as minhas esperanças seguiram o mesmo caminho de uma doce ilusão....
Não sei em que parte do caminho largámos as mãos e nos perdemos um do outro, mas sempre tive a certeza de ti no meu caminho pessoal... E hoje a Vida te devolve a mim através de pensamento. Aquilo tudo que esteve estes anos todos guardado no fundo do baú de recordações do meu coração, trancado a 7 chaves, toda a informação valiosa e todos os meus pensamentos e emoções mais profundas, privadas e pessoais que julgava perdidos no tempo e na erosão das minhas mãos em outras mãos ainda aqui estão, prontas a arder e a queimar ao toque...
Mas a gravidade deste reavivar de sentimentos é outra bem diferente da de tempos passados. Hoje sou maior do que aquela miúda, os meus olhos perderam um pouco do seu brilho e o meu sorriso se tornou um bocadinho mais grave, mais sério... Sou a mesma, sem o ser. Sempre fui bem complexa, eu...
Pensei que já tivesse este fantasma morto dentro de mim. Pensei e acreditei genuinamente que já tinha fechado este capítulo, mas agora vejo que não. E um assustador medo me assalta os pensamentos, fazendo o meu coração bater mais depressa: provavelmente nunca fecharei. E então todos os amores do mundo jamais serão capazes de preencher essa lacuna, nenhum outro homem, nenhum outro amor.... E tenho medo! Porque é passado. E o passado deve ficar atrás de nós; perdido e esquecido no tempo. Não é suposto que o passado se misture com o presente estragando-me os planos para o futuro! Tenho medo. Sinto saudades e dói!.... E eu queria tanto poder voltar atrás e desfazer tudo isto! Libertar-me ou agarrar-me de vez a isto! Mas não assim: na corda bamba, sem certeza do que sinto quando olho para atrás, sempre a olhar por cima do meu ombro, sempre com medo de mim e das minhas emoções; incapaz de enfrentar isto e ser mais que isto!
(Novembro de 2005)
(Novembro de 2005)
Um comentário:
Ou se fecham s capítulos e assim se pode viver o presente em pleno e o futuro que há-vir e se ficará para sempre na corda bamba, levando os outros atrás...
Com quem aprendi eu isto?
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